segunda-feira, 29 de março de 2010

A Aldeia de Sei-Lá-Onde - História do 5ºA

A Aldeia de Sei-Lá-Onde

Era uma vez uma aldeia muito, muito pequenina que não vinha no mapa. A aldeia chamava-se Sei-Lá-Onde e, tirando os seus habitantes que não eram mais de vinte, ninguém sabia que ela existia. O mesmo é dizer que a aldeia vivia completamente isolada do Mundo.

Mas certo dia uma menina, a Francisca, achou que aquele espaço já não lhe chegava. E então disse assim à mãe:

- Ó mãe, eu já conheço a nossa aldeia. Mas o que é que existe para lá daqueles muros de pedra?

-Ai, filha, não sei… Nunca ninguém da nossa aldeia se atreveu a sair!

A Francisca ficou muito intrigada:

-Nunca, mãe? Então, mas o Mundo não acaba aqui, pois não?

-Não temos bem a certeza, nunca precisámos de sair daqui… Temos aqui tudo aquilo de que precisamos: os alimentos, a escola, a igreja…- respondeu a mãe.

Naquela aldeia, nem dinheiro existia, pois as pessoas trocavam maçãs por melões, roupa por galinhas e sapatos novos por um punhado de ervilhas, consoante aquilo de que cada um precisava e que cada um tinha na horta.

Mas a Francisca não se deu por satisfeita com a resposta da mãe e, depois de reunir os seus cinco melhores amigos num encontro super, ultra, megasecreto, disse-lhes:

-Venham comigo correr Mundo! Quero ser uma descobridora para contarmos à nossa aldeia a beleza que há para lá dos muros.

No início, os outros tiveram medo e não foram lá muito fáceis de convencer, mas a verdade é que já tinham nove, dez anos, e também eles estavam fartos de ver sempre as mesmas coisas e caras todos os dias.

Pediram autorização aos respectivos pais ou avós e, depois de lhes prometerem que telefonavam todos os dias através de um sistema de satélite - o trocofone - que o cientista louco lá da terra tinha construído - eles lá aceitaram.

Levaram meses e meses a construir um barco para a viagem, com a ajuda dos melhores serralheiros da terra - que eram apenas dois - e finalmente partiram, entre muitos vivas e acenos com lencinhos brancos. Felizmente, não houve lágrimas, que os habitantes de Sei-Lá-Onde não eram de chorar porque, como viviam naturalmente felizes e contentes nunca tinham motivos para tal, a não ser que se aleijassem.

E lá partiram os amigos, na sua viagem pioneira, até que, pelo caminho, se defrontaram com uma grande tempestade. Quando tentaram desviar o barco com o leme, este partiu-se e eles ficaram aflitos e à deriva no mar. Ainda por cima, dois deles não sabiam nadar!

Mas como todos os aventureiros têm sorte, dentro do barco havia um bote salva-vidas, bem como os respectivos coletes, e eles não hesitaram em saltar lá para dentro. Passada uma hora a remar, e depois de saírem de um denso banco de nevoeiro, avistaram uma ilha e disseram em coro:

- Estamos salvos!

Depois, vieram-lhes à cabeça mil e uma perguntas. Será que mora ali alguém, tal como na nossa aldeia? O que é que será que fazem? O que é que comem? Terão cabeça, mãos e pés, tal como nós?
Depressa saberiam a resposta. Não tardaram a aportar e a sair do barco para explorar a ilha, ou não fossem eles verdadeiros exploradores. O que encontraram deixou-os com água na boca. Porquê? Porque a ilha se chamava Docelândia e tinha como ponto mais importante uma fábrica de doces, onde trabalhavam dezenas de anões simpáticos e amistosos que se dedicavam dia e noite ao seu ofício e se prontificaram a mostrar tudo aos jovens visitantes. O facto de, surpreendentemente, falarem a mesma língua que eles ajudava bastante.
Entre outras coisas, os anões faziam doces de nozes para o Outono, bengalinhas para o Natal e múltiplas e múltiplas variedades de uma coisa que os cinco amigos - vá se lá saber como - não conheciam: chocolate! Escusado será dizer que durante as primeiras horas de visita, até se enjoarem, tiraram a barriga de misérias e ficaram com algumas dores de estômago.
Os anões também as tinham muitas vezes, mas o seu grande problema era outro. Muitos estavam a reformar-se e a verdade é que não nascia gente nova suficiente para trabalhar na fábrica.
Convidaram então a Francisca e os amigos a trabalhar para eles e a resposta foi afirmativa, na condição de que cada um receberia dez chocos - a moeda local - por semana durante um mês. No final desse mês, comprariam um barco de chocolate a motor, topo de gama, no único stand da ilha, o Chocobomba. Nele, retornariam à sua terra Natal para contarem à população o que haviam descoberto.
E assim foi. Findo um mês de contrato, lá se fizeram eles ao mar, felizes da vida, não contando com o problema que entretanto sucedeu: é que o combustível de chocolate, tal como a nossa gasolina, também se gasta e eles não tinham nenhum de reserva. Felizmente, um anão marinheiro que passava mais tempo no mar do que na Docelândia, avistou-os em apuros e, lançando uma corda bem grossa na sua direcção, conseguiu resgatá-los a todos e levou-os no seu próprio barco à aldeia de Sei-Lá- Onde, de onde eles tinham saído há algum tempo atrás.
Depois dos abraços e beijinhos típicos de um reencontro, os amigos tinham uma grande tarefa em mãos: explicarem o porquê de terem trazido com eles, alguém tão pequenino e contarem a toda a aldeia que havia mais terra para além do seu pequeno mundo.
Convocaram então uma reunião na igreja para o dia seguinte. De início, os outros habitantes ficaram apreensivos com tudo aquilo, mas depressa o anão interveio.
- Se não acreditam no que eles vos dizem, venham connosco até à Docelândia, visto que não são mais de vinte e cabem todos no meu barco.
Escusado será dizer que a curiosidade venceu o medo e que, depois das malas feitas, todos se fizeram ao mar e todos conheceram a Docelândia, deleitando-se com o chocolate que os anões faziam e que era uma receita com milhares de anos.
E foi durante esse banquete que Gulosão, o habitante mais guloso de Sei-Lá-Onde -levantou a voz para uma sugestão que ficou para a História.
-Estou a começar a confiar nestes homenzinhos - disse ele, enquanto se lambia.
-Acho que podemos começar a fazer trocas semanais: eles dão-nos o seu chocolate e nós damos-lhe os nossos vegetais mais originais: a cenoura bi, a couve-cenoura, o bróculo-alface, a flor-nabo e a cebola-batata.
E assim foi. Sei-Lá-Onde deixou de estar fechada entre os seus muros de pedra e todas as semanas viajavam barcos de um lado para o outro com chocolates e vegetais, que regalavam ambos os povos.
Passados alguns meses, uns e outros decidiram que não iriam ficar por ali no que à navegação diz respeito e formaram, então, um Clube de Viagens ao qual chamaram “Clube dos Aventureiros”, em homenagem à Francisca e aos seus amigos. Regra número um: fazer, pelo menos, uma viagem de barco por ano, para descobrir mais e mais terras.
Consta que ainda não vieram a Portugal mas, quando o fizerem, esperamos que tragam muito chocolate na bagagem! Ah, e também alguns legumes de nome esquisito, para dar a provar aos meninos que não gostam de bróculos.
Autores: A turma do 5º A.

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