Jerónimo Pizarro dinamizou uma sessão online sobre Pessoa para alunos do Ensino Secundário e 3º Ciclo. Jerónimo Pizarro é professor na Universidade dos Andes, tradutor, crítico e editor, responsável por mais de 30 edições de e sobre Fernando Pessoa. Na sessão leu e analisou o poema Liberdade de Fernando Pessoa. Referiu as várias interpretações que vários pessoanos fizeram deste poema: um poema para crianças "Mas o melhor do mundo são as crianças" ; o saudosismo, que caracteriza o povo português, na esperança de uma vida melhor "esperar por D. Sebastião" ou associar à governação de Portugal por Salazar " Que não sabia nada de finanças.
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doura sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa.
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças…
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca…
Fernando Pessoa
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